Rompa a baixa produtividade!

Certa vez, em uma conversa com um empresário, surgiu uma discussão sobre os baixos salários pagos aos trabalhadores. Durante a conversa, ele fez uma afirmação intrigante: “O funcionário finge que trabalha, e nós fingimos que pagamos.” Isso revela um ciclo no qual o funcionário não entrega 100% de sua produtividade, enquanto o empresário paga um salário que sabe ser insuficiente, mas, devido à baixa produtividade, ainda assim o considera alto.

Nesse tipo de relação, especialmente na área produtiva, os trabalhadores tendem a acreditar que, independentemente de sua produtividade, o salário será sempre o mesmo. Existe a percepção de que apenas o empregador é beneficiado. No entanto, muitos trabalhadores reduzem o ritmo de trabalho na expectativa de fazer horas extras e aumentar sua remuneração, o que inclui reflexos como férias, 13º salário e indenizações. Em alguns casos, há também o adicional noturno, refeições e outros benefícios. Em determinadas empresas, essa prática acaba se consolidando como uma “cultura”. Mas a grande questão é: como romper com esse ciclo?

O setor de construção civil e infraestrutura parece ser um dos mais impactados por essa dinâmica. Em diversas ocasiões, observam-se situações em que os trabalhadores controlam seu ritmo e criam estratégias para prolongar a jornada, buscando esses ganhos adicionais. Isso se torna ainda mais relevante para aqueles que estão longe de suas casas, pois essa renda extra pode fazer uma diferença significativa.

A ruptura desse ciclo vicioso começou com a reforma trabalhista sancionada pelo então presidente Michel Temer, que abriu uma importante oportunidade para as empresas transformarem esse problema em uma solução de ganhos mútuos, tanto para os trabalhadores quanto para os empresários. O pagamento por produtividade e a concessão de prêmios por desempenho marcaram um avanço importante.

No campo prático, imagine uma empresa planejando a execução de uma obra em 100 dias úteis, considerando todos os custos de alocação de recursos, como tempo, máquinas, equipamentos, mão de obra e fluxo de caixa, totalizando R$ 100.000,00. Se o valor total da obra for R$ 400.000,00, esse custo representaria 25% do total.

Agora, se a empresa implementar um programa de produtividade com a meta de reduzir o prazo de execução em 20%, isso geraria uma economia de R$ 20.000,00, reduzindo o custo total dos recursos de R$ 100.000,00 para R$ 80.000,00. Os benefícios para a empresa seriam imediatos: 1) redução dos custos; 2) possibilidade de aumentar o faturamento com a liberação antecipada da equipe para novos projetos; 3) a oportunidade de pagar pela produtividade com parte dessa economia; 4) maior engajamento da equipe, alinhando os funcionários à visão da empresa para o aumento da produtividade. Além disso, metas qualitativas, como a melhoria na qualidade do serviço, redução de desperdícios, menor rotatividade de pessoal, cuidado com os equipamentos e flexibilidade nas tarefas, também podem ser incluídas.

Quando essa mudança de mentalidade ocorre, o ambiente de trabalho passa por uma transformação, mudando de uma abordagem “de cima para baixo” (top-down) para uma “de baixo para cima” (bottom-up). Nessa fase, os funcionários começam a solicitar mais recursos para a execução das tarefas, e a gestão precisa estar preparada para lidar com essas demandas, que podem revelar fragilidades até então ignoradas.

Implementar esse tipo de programa não é uma tarefa simples, mas, por meio do engajamento com ferramentas que alinhem objetivos comuns, é possível alcançar níveis extraordinários de produtividade, uma condição essencial para tornar a empresa mais competitiva e aumentar sua lucratividade.

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